sábado, 30 de janeiro de 2010

CECÍLIA MEIRELES


Vôo

Alheias e nossas
as palavras voam.
Bando de borboletas multicores,
as palavras voam
Bando azul de andorinhas,
bando de gaivotas brancas,
as palavras voam.
Viam as palavras como águias imensas.
Como escuros morcegos como negros abutres,
as palavras voam.
Oh! alto e baixo em círculos e retas acima de nós,
em redor de nós as palavras voam. E às vezes pousam.

CECÍLIA MEIRELES

O MENINO AZUL



O menino quer um burrinho
para passear.
Um burrinho manso,
que não corra nem pule,
mas que saiba conversar.

O menino quer um burrinho
que saiba dizer
o nome dos rios,
das montanhas, das flores,
— de tudo o que aparecer.

O menino quer um burrinho
que saiba inventar histórias bonitas
com pessoas e bichos
e com barquinhos no mar.
E os dois sairão pelo mundo
que é como um jardim
apenas mais largo
e talvez mais comprido
e que não tenha fim.

(Quem souber de um burrinho desses,
pode escrever para a Ruas das Casas,
Número das Portas,
ao Menino Azul que não sabe ler.)
Cecília Meireles

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

CECILIA MEIRELES


CAÃO DA INDIAZINHA


NA, na,
mas porque chora essa menina?
Pela flor do maracujá.

Mas, se eu lhe der uma conchinha,
a menina se calará?
Aána, aáni na na.

Na, na,
se eu lhe der a asa da andorinha,
a cantiga do sabiá?
Aáni, aáni, na na

Na, na,
nada disse: que esta menina
quer a flor do maracujá.

Na, na.
E ela a quer apanhar sozinha !
E chora que chora a menina
pela flor do maracujá.
Na na.


Cecília Meireles

Cecília Meireles - Obra Poética da Editora Nova Aguilar
(Você vai encontrar esse poema na página 738)

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

CECILIA MEIRELES


CHOVEM DUAS CHUVAS

Chovem duas chuvas:
de água e de jasmins
por estes jardins
de flores e de nuvens.
Sobem dois perfumes
por estes jardins:
de terra e jasmins,
de flores e chuvas.

E os jasmins são chuvas
e as chuvas,jasmins,
por estes jardins
de perfume e nuvens



SONHOS DA MENINA

A flor com que a menina sonha
está no sonho?
ou na fronha?

Cecília Meireles

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

A BAILARINA


A BAILARINA

Esta menina tão pequenina

quer ser bailarina.

Não conhece nem dó

nem ré mas sabe ficar

na ponta do pé.

Não conhece nem mi nem fá

mas inclina o corpo para cá e para lá.

Não conhece nem lá nem si,

mas fecha os ohos e sorri.

Roda, roda, roda com os bracinhos no ar

e não fica tonta nem sai do lugar.

Põe no cabelo uma estrela

e um véu e diz que caiu do céu.

Esta menina tão pequenina

quer ser bailarina.

Mas depois esquece todas as danças,

e também quer dormir como as outras crianças

Cecilia Meireles.

Cecilia Meireles Na Fundação Helena Antipoff

\BIOGRAFIA DE CECÍLIA MEIRELES

Cecília Benevides de Carvalho Meireles nasceu
na cidade do Rio de Janeiro em 7 de novembro de 1901, na Tijuca.

Rio de Janeiro na época do nascimento da Cecília
O começo da sua vida foi marcado por situações difíceis .
Seu papai Carlos Alberto morreu 3 meses antes dela nascer
e sua mamãe Matilde faleceu quando ela tinha 3 anos .
Mas ela não ficou sózinha, ela tinha uma avó muito especial chamada Jacinta.

Na casa havia um mundo encantado : o mundo dos livros !
Cecília já gostava dos livros antes mesmo de aprender a ler .

Escreveu o seu primeiro poema aos 9 anos.
Cecília era uma ótima aluna, até ganhou uma medalha de ouro
das mãos do poeta Olavo Bilac.



Aos 16 anos Cecília já era professora e aos 18
já havia lançado o seu primeiro livro.

Em 1934, organiza a primeira biblioteca infantil do Rio de Janeiro,
ao dirigir o Centro Infantil, foi um dos projetos mais ambiciosos
e um espaço onde Cecília Meireles pôde desenvolver sua criatividade
e seu empenho em favor da literatura infantil.
Situada em Botafogo, era conhecida pela população como Pavilhão Mourisco

Um dia perguntaram para a Cecília ,
qual era o seu escritor preferido.
Ela respondeu que gostava de todos os escritores
que escreviam bem.
Mas Cecília gostava de um livro que ela julgava especial :
O DICIONÁRIO !

Além de escritora , professora, educadora,
Cecília também foi jornalista.
Faleceu no Rio de Janeiro no dia 9 de novembro de 1964 .


Sempre que leio Cecilias Meireles e outros poetas
viajo com seus contos e poemas atravez dos tempos,
volto a ser criança. Andrea.